quinta-feira, 7 de maio de 2009

A Adolescência de Chico Xavier

Em 1922 o país comemorava o centenário da Independência e o Governo de Minas instituiu vários prêmios para redações sobre o tema. No grupo escolar de Pedro leopoldo, Chico, já entrando na adolescência, escreve, ditado por um espírito, o seguinte: "O Brasil, descoberto por Pedro Álvares Cabral, pode ser comparado ao mais precioso diamante do mundo, ...". Chico comentou a visão com a professora, Dona Rosália, que não lhe deu crédito, mandando-o retornar à carteira e terminar a redação. O trabalho recebeu menção honrosa da Secretaria de Educação de Minas, mas os colegas de Chico, desconfiando que ele havia copiado o texto de um livro, desafiaram-no a fazer um exame público para que comprovasse sua capacidade de redação. Sortearam-lhe um novo tema, mais difícil: "Areia". O misterioso ser surge novamente e lhe dita: "Ninguém escarneça da criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela pequenina refletindo o Sol de Deus...". Chico concluiu o primário em 1923, tendo repetido o último ano por problemas de saúde dificuldades respiratórias, decorrentes da poeira de algodão da fábrica de tecidos, onde trabalhava.

Depois disso, Chico passou a escrever crônicas e poesias. Esses seus primeiros trabalhos foram publicados em jornais e revistas, principalmente no Jornal das Moças, no Suplemento Literário de O Jornal, na Gazeta de Notícias e até em um jornal português. Assinava-os com o nome de F. Xavier.

Enquanto isso, Chico vê a família crescer. A nova mãe lhe dá mais cinco irmãos. Com a saúde prejudicada em função da longa jornada de trabalho, Chico tenta outra atividade. Passou a trabalhar no Bar do Dove, de Claudomiro Rocha, onde varria o chão, lavava louça e cozinhava.

Com um salário reduzido, que não lhe permitia comprar um par de sapatos, trocou o Bar do Dove, onde trabalhou dois anos, pelo armazém do padrinho José Felizardo Sobrinho. Apesar de ter que trabalhar como balconista das 7 às 20 horas, a exigência física é muito menor que na fábrica de tecidos e o pagamento maior que no bar.

Em maio de 1927, uma das irmãs de Chico, Maria Xavier, sofre terrível desequilíbrio mental, apontado pelo médium como sendo obsessão. Até então ele, assim como toda a sua família, seguia os preceitos da Igreja Católica; como não houve solução para o caso através do sistema tradicional - a medicina - foi requisitado o auxílio espírita, prestado por José Hermínio Perácio e pela esposa Cármen Pena Perácio, médium dotada de raras faculdades. Depois do adequado tratamento, que contou com a orientação espiritual da mãe de Chico, Maria João de Deus, que, desencarnada, enviava mensagens para a filha através de Dona Carmem, a moça retornou à casa recuperada, com saúde e feliz. Esta foi a primeira ocasião em que Chico tem contato com a filosofia do Espiritismo: conhece o Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Aprende, então, o que é mediunidade.

Em 1927, ele ajuda na fundação do primeiro Centro Espírita de Pedro Leopoldo, num barracão onde morava um irmão de Chico, José Xavier, que assume a presidência. Chico se torna secretário e seu patrão, José Felizardo, tesoureiro. O local recebe o nome de Centro Espírita Luiz Gonzaga, em homenagem ao santo do mesmo nome. A primeira mensagem que Chico recebe é da mãe, Maria João de Deus.

O Centro Espírita Luiz Gonzaga muda para um espaço mais estruturado e passa a funcionar, a partir de 29 de outubro de 1928, numa sala alugada na casa de José Felizardo Sobrinho, com a seguinte programação: "às segundas, quartas e sextas-feiras, sessões públicas de estudo e divulgação da Doutrina Espírita Cristã. Às quintas sessões privadas e de caridade", segundo ato de fundação.

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